sábado, 11 de setembro de 2010

RODA DA MEDICINA INCA

A Roda da Medicina é o caminho das quatro direções que conduz ao conhecimento. É também chamada de Jornada dos Quatro Ventos. Uma jornada lendária que o principiante empreende para tornar-se uma pessoa de conhecimento. A Roda da Medicina é a mandala do Xamã Inca "Hatun Laika", apesar de não existir um símbolo que a represente, assim como não há nada escrito, nem imagens a serem veneradas, profetas humanos ou filho de uma divindade. Nenhuma dessas coisas é necessária. A meta da jornada por meio da Roda da Medicina é despertar nossa visão, possibilitando-nos descobrir e abranger o divino que há em nós e, com isso, restabelecer nossa conexão com a natureza e com o mistério do cosmo, adquirindo capacidade e sabedoria para utilizá-los.

Os "Quatro Ventos" são assinalados como os quatro pontos cardeais de uma bússola. Começa pelo Sul, pelo Caminho da Serpente, onde abandonamos as vestes do passado, como a serpente abandona sua pele. A Oeste fica o Caminho do Jaguar, é onde perdemos o medo e enfrentamos a morte. Ao Norte pegamos o Caminho do Dragão, onde descobrimos a sabedoria dos longínquos antepassados e estabelecemos o elo de ligação com o divino. O Caminho da Águia a Leste, que é o vôo rumo ao sol e a viagem de volta a nossa casa, para exercitarmos a visão no contexto de nossa vida diária e no trabalho. A lenda explica que esta é a jornada mais difícil que o xamã tem que enfrentar.

Segundo dizem, poucos conseguem ir além da jornada de iniciação. Xamãs verdadeiros são raros. E raras as pessoas de conhecimento. Muitos dos que trilharam essa estrada pararam no meio do caminho, e ficaram satisfeitos em se tornar curadores e homens de medicina. Converteram-se em mestres do seu próprio rumo. E há aqueles que são seduzidos pelo poder. Perdem-se durante o trajeto. E a jornada pode durar pelo resto de suas vidas. O círculo da Roda da Medicina, é uma grande espiral. Não é porque, se reconciliou com o passado e libertou-se da morte e do medo do futuro, que estará vivendo como um guerreiro, pisando firme no presente como se fosse uma criatura de poder. Não se permita cair na armadilha pela simplicidade desta teoria. O presente não dura. Converte-se em passado assim que expomos. É a sombra que produzimos. É a nossa sombra.

Como já disse, muitos que navegam pela Roda da Medicina se deixam seduzir pelo poder. Poucos completam o círculo, comungando com seus ancestrais no Norte e, superando esse poder no Leste, tornam-se criaturas de conhecimento, Filhos do Sol.

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